O pai de Charlie Brown também é Charlie, Charles M.
Schulz (1922 – 2000). E ele confessava: “Acho que sou cem por cento
Charlie Brown. Milhões de pessoas lêem as coisas tolas que eu fiz quando
era garoto”.
Sparky (seu apelido em criança) nasceu em Minneapolis,
Minnesota, em 1922. Filho de um barbeiro (como Charlie Brown) lia
“montes de histórias em quadrinhos, o dia inteiro”. Na escola só se
orgulhava mesmo dos seus desenhos, orgulho que não era compartilhado
pelo professor de Desenho. Nos esportes também era a encarnação do
fracasso e lembra “com dor no coração” o dia em que seu time de beisebol
perdeu por 40 a O.
Trapalhão, tímido, bem intencionado e mal sucedido, Charlie Schulz
foi Charlie Brown. Seu sonho era ser desenhista. Se possível, de
histórias em quadrinhos. Estava fazendo um curso de arte por
correspondência quando foi chamado para o serviço militar, pra guerra.
Voltou em 1946, sargento.
Aí ele conseguiu emprego numa equipe de desenhistas de quadrinhos e
“para pagar as contas” começou a dar aulas numa escola popular de arte.
Foi lá que uma de suas alunas, Joyce Halverson, fez com que ele desse a
ela um anel de noivado: Um ano depois estavam casados. Um ano depois de
casados ele vendeu sua primeira charge para o Saturday Evening Post, e
começou também a publicar os seus primeiros quadrinhos no St. Panl
Pionner Press (realmente um pioneiro) uma vez por semana. Já eram as
aventuras de Charlie Brown e seus amigos.
Só que a estória não se chamava Peanuts (Minduim, isto é, a turma do
amendoim): chamava-se Li’l Folks (Amiguinhos). No dia em que pediu
aumento Charlie Brown foi demitido. Aliás, Charlie Schulz.
Em 1950 o United Feature Syndicate comprou a tira e mudou o nome, sob
o mais absoluto protesto do autor. Mas aí começou o sucesso.
As aventuras e desventuras de Charlie Brown passaram a sair em oito
jornais, todos os dias. Schulz ganhou 90 dólares no primeiro mês, 500 no
segundo, mil no terceiro e hoje só os quadrinhos rendem mais de 300 mil
dólares por ano, a seus descendentes.
E isso é o que menos rende porque os posters, as camisas, os
relógios, os bonecos, os travesseiros e almofadas, os baralhos, os
calendários, os colares, as pulseiras, os móbiles, os produtos
licenciados para usar personagens dos Peanuts rendem mais de três
milhões de dólares.
Charlie Brown, Linus, Lucy, Snoopy, Schroeder, são os principais
personagens dos Peanuts e de uma das mais bem sucedidas aventuras
editoriais do nosso tempo.
O império de Charles M. Schulz inclui 1340 jornais e revistas do
mundo inteiro, em 19 línguas. Com um total de 60 milhões de leitores.
A coisa acabou – como era de se esperar – no consumo maciço. Os
personagens de Peanuts viraram mercadorias e o produto nacional bruto do
mundo de Charlie Brown & Co. chegam aos 150 milhões de dólares
anuais, abrangendo desde inúmeros milhares de Snoopys de borracha
inflável, pulôveres e bonés de beisebol Charlie Brown, bonecas Lucy.
prendedores de gravatas Woodstock. A tal ponto que fãs de Schulz já se
reuniram, em algumas grandes cidades, para protestar contra o excesso de
comercialização dos personagens.
Peanuts não foi imediatamente um sucesso espantoso. Precisou um pouco
de tempo antes de pegar, quase cinco anos. Vendo as primeiras tiras,
nota-se a diferença: Charlie Brown, no começo, não era o perdedor de
hoje. Tinha uma personalidade muito mais parecida com a de Linus.
Desenvolto e com uma certa fanfarronice. Os outros personagens eram, no
começo, Patty, Shermy e Snoopy. Patty e Shermy eram “muletas”, pois o
único herói era Charlie Brown.
Quando Lucy chegou, no segundo ano, não era importante. Chegou como
uma menina esperta, um pouco baseada em nossa primeira filha. Dizia
muitas coisas impertinentes e engraçadas. Mas aos poucos Charlie Brown
se tomou mais complexado. Snoopy começou a se tornar um cão-não-cão.
Lucy a desenvolver sempre mais a sua forte personalidade, o cobertor de
Linus começou a se tomar uma obsessão, Snoopy foi para o telhado da sua
casinha e chegaram Schroeder e Beethoven.
Na Turma do Amendoim o herói (ou anti-herói) é Charlie Brown. Ele
não é, absolutamente, um menino como os outros. Pra começo de conversa
ele é sempre Charlie Brown, por extenso, e imagino que seja chamado
assim para que não haja a menor possibilidade de confundi-lo com um
Charlie qualquer.
A aparência é inconfundível: Charlie Brown é aquele menino de cabeça
redonda, o que está sempre com a mesma camisa com a barra em ziguezague.
Todos exploram o pobre Charlie Brown e se divertem fazendo-o de bobo,
mas Charlie Brown não é um bobalhão. Charlie Brown é um ser humano
normal, generoso, amorável, simpático e errado.
Errado? Erradíssimo. Charlie Brown é o que se pode chamar um fracasso
completo: jamais conseguiu empinar um papagaio, perde sempre no jogo de
damas, nunca comemorou a vitória do seu time de beisebol (do qual ele é
o técnico, o capitão e o principal jogador).
Charlie Brown vive querendo agradar e sua preocupação permanente é
tomar-se um garoto popular na sua turma. Mas vive deprimido, infeliz,
tem pena de si próprio porque sabe que a tarefa é impossível e que ele
vai fracassar mais uma vez, como fracassa em tudo.
Ainda por cima, acredita na bondade das pessoas e está sempre sendo
surpreendido pela maldade da vida. Mesmo o seu cão não acredita muito na
sua capacidade de sobreviver.
Na verdade foi Charlie Brown o primeiro a brincar com a Nona
Sinfonia, pois para Schulz era divertida a idéia de um menino tocando
todas aquelas notas complicadas. E para prosseguir com esse conceito,
veio o piano de brinquedo e Schroeder que era pequeno, cresceu
rapidamente.
Lucy é uma menina mandona, para começo de conversa. Muito antes das
mulheres estarem interessadas nos movimentos de libertação feminina ela
já estava em plena campanha para tomar o lugar de técnico do time de
beisebol. E se recusava a vestir calças compridas para não ficar “com a
ridícula aparência de um menino”. Egoísta, pretensiosa, fofoqueira,
dominadora, vil, traiçoeira, e até tão egocêntrica que não pode entender
que alguém não goste dela.
Ela adora atormentar Charlie Brown. A quem persegue com sarcasmos,
observações ferinas. Ridicularizando-o sempre que pode. A única pessoa a
quem Lucy não agride é o Schroeder.
Schroeder é a paixão da sua vida, enquanto a paixão da vida de
Schroeder é a Arte, especialmente a música, particularmente Beethoven.
Schroeder já nasceu pianista e a sua capacidade musical está anos e anos
à frente do seu desenvolvimento físico. Schroeder só pensa em música e
passa os dias executando Beethoven num piano de brinquedo, com um
talento e um virtuosismo notáveis.
Schroeder é capaz de esquecer o dia do próprio aniversário, mas não
admite que esqueçam o aniversário de Beethoven. Ele gosta de tocar só
para quem entende: Linus e Snoopy, mas sua maior fã é mesmo Lucy. Que,
para seu desgosto, é incapaz de reconhecer a Sonata em Fá Menor. (Aliás,
Schroeder usa o primeiro compasso da Sonata para assobiar pelo Snoopy).
Schroeder, ao contrário, encontra a paz na religião estética: sentado
ao seu pianinho de araque, de onde tira melodias e acordes de
complexidade transcendental, afundado em sua total admiração por
Beethoven, salva-se das neuroses cotidianas, sublimando-as numa alta
forma de loucura artística. Nem mesmo a amorosa e constante admiração de
Lucy consegue comovê-lo (Lucy não gosta da música, atividade pouco
rendosa, cuja razão não compreende, mas admira em Schroeder um vértice
inatingível, e prossegue sua obra de sedução, sem nem mesmo arranhar as
defesas do artista): Schroeder escolheu a paz dos sentidos no delírio da
imaginação.
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E Linus? Linus é tão inseguro que vive chupando o dedão.
Fetichista: agarra-se ao seu cobertor como um náufrago ao salva-vidas.
Um cobertor que acaba imundo, mas que ele não larga, e jamais
abandonará. Um dia as meninas resolveram agarrá-lo, tomar o cobertor e
lavá-lo. Linus ficou em estado de choque até que devolveram o cobertor. E
mesmo depois disto continuou cabisbaixo, macambúzio, na fossa. E quando
Lucy disse a ele que aquilo era uma atitude infantil, ele retrucou: “É?
Como é que você se sentiria se tivessem feito uma lavagem cerebral no
seu melhor amigo?”.
Linus é emotivamente retardado, mas intelectualmente precoce,
fiel admirador de sua professora Miss Othmar. Seu principal problema é o
principal problema de quase todo o mundo hoje em dia: segurança. E ele
tem consciência de que a segurança é cada vez mais difícil. Resultado:
as únicas coisas que o defendem de precipitar-se no caos psíquico são o
seu dedão e aquele maravilhoso cobertor, que não o impedem de ser um
intelectual, o filósofo da turma.
Onerado de todas as neuroses, e a instabilidade emotiva seria a sua
condição perpétua, se, com a neurose, a sociedade em que vive não lhe
tivesse oferecido também os remédios: Linus carrega aos ombros Freud.
Individuou, no seu cobertorzinho da primeira infância o símbolo de uma
paz uterina e de uma felicidade puramente oral. De dedo na boca, e
cobertor encostado a uma das faces (possivelmente de televisor ligado,
diante do qual fica empoleirado como um índio, mas, no extremo, nada, um
isolamento de tipo oriental, apegado aos próprios símbolos de
proteção), Linus encontra o seu “sentimento de segurança”.
Enquanto Minduim não consegue construir um “papagaio” que não se
precipite entre os ramos de uma árvore, Linus revela, de repente, em
certos momentos, habilidades de ficção científica e vertiginosas
maestrias: constrói jogos de alucinante equilíbrio, atinge no vôo uma
moeda de um quarto de dólar com a ponta do cobertor que estala como um
chicote.
Escolhido como o símbolo dos analistas americanos, Linus acabou
introduzindo um novo gesto os leitores: assim como o polegar para cima é
sinal de satisfação e concordância, o polegar na boca significa,
dependendo da situação: “você está por fora!” ou “eu estou na minha!!!”.
Também Pig Pen (Chiqueirinho) teria uma inferioridade de que se
queixar: é irremediavelmente, assombrosamente porco. Sai de casa lindo e
penteado, e depois de um segundo, os cordões do sapato se desamarram,
as calças caem-lhe sobre os quadris, os cabelos se enxovalham de caspa, a
pele e a roupa ficam cobertas de uma camada, de lodo. . . Consciente
desta sua vocação para o abismo, Pig Pen faz da sua situação um elemento
de glória: “Sobre mim se adensa a poeira dos séculos inumeráveis…”.
Iniciei um processo irreversível: quem sou eu para alterar o curso da
história?” – não é uma personagem de Becket, naturalmente, é Pig Pen
falando, o microcosmo de Schulz atinge as extremas ramificações da
escolha existencial.
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Snoopy leva até à última fronteira metafísica as neuroses decorrentes
de uma frustrada adaptação. Snoopy sabe o que é um cão; ontem era um
cão; hoje é um cão; amanhã talvez ainda seja um cão; para ele, na
dialética otimista da sociedade, que consente saltos de um para outro
status, não há nenhuma esperança de promoção.
Mas, de hábito, não se aceita a si mesmo, e procura ser o que não é;
personalidade dissociada como nunca se viu igual, gostaria de ser um
crocodilo, um canguru, um abutre, um pingüim, uma serpente. Tenta todos
os caminhos da mistificação, para depois render-se à realidade, por
preguiça, fome, sono, timidez, claustrofobia (quando se embrenha em
capim alto).
Snoopy tem suas manias também, como dormir em cima da casa “pra ver
quando eles começarem a descer.” Eles? Os discos voadores. Snoopy
acredita que haja vida inteligente em outros planetas. Ou, pelo menos,
vida semi-inteligente. Por vida inteligente ele entende a sua, é claro!
Bailarino, o melhor batedor do time de beisebol, Snoopy já viu
Cidadão Kane 25 vezes e é – digamos assim – um ser realizado. Ou quase,
porque toda a vez que está voando para a França no seu Sopwith Camel, é
derrubado pelo Barão Vermelho, a quem jurou pegar um dia.
Snoopy tem
em seu canil uma mesa de bilhar e um Van Gogh (legítimo), e as mesmas
neuroses que qualquer outro ser humano: preocupa-se com o nível do
colesterol, tem medo de aranhas, não fuma para não ter câncer, sente
claustrofobia e não dispensa um bom banho de sol.
Com cabelos cobrindo desalinhados cobrindo os olhos, uma
tradicional camisa listrada e um inconfundível par de sandálias, Patty
Pimentinha consegue, às vezes, ser mais desagradável do que Lucy com o
seu realismo intransigente. Ela não entende como é que “certas crianças
escondem-se num país de faz de conta e fantasia” e faz muita questão de
cortar imediatamente qualquer vôo de imaginação. Seja quem for que
ameace decolar ela abate imediatamente, inclusive o pobre Snoopy.
Nos esportes, ela consegue ser o que Charlie Brown não é: uma
vencedora, mas essa vitória cai por terra quando o assunto é a escola.
Incapaz de se manter acordada durante as aulas e dona das respostas
certas para as questões erradas, gerando um trauma escolar que perde
apenas pelo o do tamanho do seu nariz.
Patty secretamente gosta de Charlie Brown, mas nunca admite isso, nem
para si. Pois como uma vencedora pode gostar de um garoto tão
fracassado quanto ele?
Marcie é a única menina da turma que não maltrata Charlie Brown.
Estudiosa, totalmente avessa a qualquer tipo de esporte, ela representa o
oposto de Patty, a qual trata sempre por “sir” (ou “meu”, como na
tradução dos desenhos aqui no Brasil). Quando estão juntas, formam com
perfeição uma representação do yin-yang, e talvez por isso as duas sejam
tão unidas. O que
faz com que Patty seja vítima das bizarras incursões de Marcie no mundo do corte-costura.
Sally é a irmãzinha de Charlie Brown, ela começou nas tirinhas,
como um bebê e foi crescendo aos poucos, e como todos os personagens,
Sally também teve sua cota de traumas, como o
pânico de ter de entrar
para o jardim de infância. Sua mente criativa perde apenas para a do
Snoopy, com direito a tacadas filosóficas que beiram o puro non-sense.
Precocemente ela elegeu Linus como seu amado e cavaleiro andante
(sem armadura, porém de cobertor), apesar dos veementes protestos de
Linus. A melhor amiga de Sally é a escola, digo, o prédio da escola, com
o qual ela compartilha a sua visão do mundo e da sociedade; e se alguém
ousar chamar a Sally de maluca, corre o risco de levar uma tijolada na
cabeça, pois no mundo dos
Peanuts, as escolas são vingativas.
Talvez o personagem mais inseguro que Charlie Brown seja o
passarinho Woosdstock. Melhor amigo de Snoopy, ao qual trata como
confidente e muitas vezes fazendo-o de figura paterna. Durante anos (no
nosso conceito de tempo) Woodstock foi um pássaro pedestre: tinha medo
de voar. E desde que aprendeu (perdeu o medo) a voar, jamais foi capaz
de voar em linha reta, traçando no ar um zigue-zague como se carregasse
algo muito pesado.
Um dos maiores traumas desse simpático pássaro amarelo, é a
ausência de sua mãe. Inconformado com a lei da natureza que separa os
pais dos filhotes quando estes alcançam certa idade, mergulha em
tristeza e depressão no dia das Mães, por sentir-se abandonado e sozinho
no mundo.
Mas o número de personagens é bem mais extenso, portanto ficamos apenas com os principais.
No Brasil, as primeiras tiras da Turma do Charlie Brown sairam na
revista Pingo de Gente – Ed. O Cruzeiro. Cuja adaptação e projeto
gráfico eram feitos pelo cartunista Ziraldo, que nos brindou com pérolas
nas traduções: Charlie Brown virou João Barbosa (uma homenagem ao
letrista da revista Pererê), Linus virou Lino, Snoopy ganhou a tradução
literal de Xerêta, e Schroeder virou Essenfelder. Pingo de Gente teve
vida curta.
Poucos anos depois a editora Artenova publicou uma série de 48
livrinhos de bolso da turma do Minduim, dessa vez o editor/tradutor Luiz
Lobo teve mais tato na escolha dos nomes, além de escrever excelentes
resenhas nos primeiros números. O sucesso dos livrinhos gerou uma
revista em formatinho do Snoopy e dois álbuns especiais: “Snoopy, volte
para casa!” e “Charlie Brown, você é nosso herói!”.
Em seguida ainda acompanhamos as tiras dos Peanuts nas páginas das
revistas Grilo e Patota. Depois vieram as editoras Cedibra, Record e
Conrad, com álbuns a cores, livrinhos de bolso e edições especiais em
formato “tira”.
Atualmente a editora L&PM prossegue com a publicação da turma do
Charlie Brown em livrinhos formato pocket, tal como a Artenova havia
feito anteriormente.
As animações da Turma do Charlie Brown
foram exibidas com sucesso na tv brasileira nos anos 80, isso após a
passagem dos longas no cinema.
Podemos resumir o mundo dos Peanuts como um microcosmo, uma
monstruosa redução infantil de todas as neuroses de um moderno cidadão
da civilização industrial, nessa historinha cheia de personagens cujas
fraquezas, angústias e frustrações fazem uma comédia humana que chega
aos limites do desespero, o nosso desespero. De repente, nessa
enciclopédia das fraquezas contemporâneas, surgem, como dissemos,
clareiras luminosas, variações descompromissadas, alegros e rondós onde
tudo se apazigua: em poucas tiradas ágeis e desenvoltas, os monstros
voltam a ser crianças, e Schulz toma-se um poeta da infância.
Sabemos que não é verdade, e, contudo, fazemos de conta que
acreditamos. Na tira seguinte, Schulz continua a mostrar-nos, no rosto
de Minduim, com dois traços rápidos de lápis, a sua versão da condição
humana.
Como diz um amigo, essa história é uma verdadeira análise de grupo e
engraçado é que, volta e meia, quando me olho no espelho eu vejo Charlie
Brown, quando não me vejo Lucy, Linus, Snoopy.
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Charles Schultz |
Consulta bibliográfica:
- Puxa vida, Charlie Brown! – Ed. Artenova
- Grilo #25 – Arte & Comunicação Ltda.