domingo, 21 de abril de 2013

Luluzinha e Bolinha

Luluzinha e Bolinha 

 

 

Muitos Gibis da Luluzinha!



 Assim como a Turma da Mônica, Menino Maluquinho, Disney e outros personagens de quadrinhos, Luluzinha e Bolinha não só estão há décadas em circulação (e portanto são conhecidíssimos) como também passaram por muitas mídias e repaginações: desenhos animados, versões em mangá etc. Mas, assim como virtualmente todo personagem de quadrinho que vai para outros rumos, sua melhor versão continua sendo a original — ou melhor, a "evolução" de sua versão original: Luluzinha foi criada em 1935, pela americana Marjorie "Marge" Henderson Buell (essa moça segurando na foto uma simpática boneca de sua famosa criação) para ser uma espécie de sucessora de Pinduca (Henry, no original), o garotinho mudo que causou sensação nos quadrinhos dos anos 1930. Lulu, então, começou muda, de traço mais diferente e "rechonchudo", sem os amigos a que nos acostumamos. Aos poucos foi adquirindo sua identidade e suas principais marcas, principalmente no período em que seu artista-chefe foi o mítico John Stanley.




No Brasil, os amigos Lulu Palhares e Bolinha (Tubby, em inglês) França — cujos sobrenomes originais são respectivamente Moppets e Tompkins — sempre gozaram de grande popularidade. Houve até produção nacional de suas histórias, pois a carência por material novo era tanta que foi preciso arregimentar também esforços brasileiros para suprir os anseios dos leitores. E a influência dos quadrinhos era nítida: em músicas (como a exposta mais abaixo), em vendagens das revistas, e até em expressões que viraram patrimônio nosso, como a clássica definição de um complô masculino, Clube do Bolinha (que ficou famoso nos gibis pela inscrição "menina não entra").




As histórias de Lulu e Bolinha não possuem uma arte tão refinada (apesar de os desenhos serem bastante graciosos) e nem tramas rebuscadas, mas isso nunca importou: é tudo tão bem amarrado e divertido que é difícil não se deixar levar pelas brincadeiras, trapaças, esquemas, planos, confusões, mal entendidos e todo tipo de aventura cotidiana da turminha de crianças bagunceiras e os adultos neuróticos que as cercam. Conhecidos arcos narrativos são repetidos com frequência e com isso desenvolve-se um delicioso storytelling: histórias de bruxas (Alceia e Memeia) contadas por Luluzinha ao indisciplinado e reclamão Alvinho; Bolinha e seu primo menor Carlinhos; seu Miguel, o obsessivo e quase psicótico caça-gazeteiros; a turma da rua de baixo importunando os meninos do clube do Bolinha (Bola, Juca, Careca e Zeca); o detetive Aranha (Bolinha) versus o pai da Luluzinha (que, incrivelmente, sempre é o real culpado dos problemas); os extraterrestres que são amigos de Bola e só por ele são vistos; tentativas de Lulu e sua melhor amiga Aninha de entrarem no clube dos meninos; e muitas outras situações habituais ou especiais.

Após algumas décadas sumidos daqui (a não ser em republicações específicas e semiluxuosas de álbuns históricos), Luluzinha e Bolinha deram as caras novamente nas bancas há cerca de dois anos, pela editora Pixel. E estão fazendo grande sucesso, com direito a lançamento de especiais (dedicados ao amor do Bola, Glorinha, ao Aranha, às histórias da pobre menininha contra as bruxas...) e duas revistas mensais, que ainda abriram caminho para a republicação de mais títulos clássicos sumidos há eras das bancas do Brasil: os personagens da Harvey (Riquinho, Gasparzinho, Brasinha, Bolota, Brotoeja e afins), muito inferiores a Lulu e Bolinha mas com considerável demanda dos leitores saudosistas.


Mas Lulu e Bolinha não devem ser vistos nesse balaio; são quadrinhos realmente preciosos, muito engraçados ainda hoje, bem bolados, empolgantes. E ainda que haja desenhos animados bacanas (como os expostos abaixo) ou novidades como a em minha opinião pavorosa modernização estilo mangá "Lulu Teen" (que modifica todos os personagens e desvirtua todo o espírito da coisa, além de ser uma produção evidentemente medíocre e oportunista), os quadrinhos da menininha de cabelo encaracolado e boina e o menininho gordo com roupa de marinheiro permanecem a melhor pedida. E é emocionante perceber que, tempos e costumes mudando sempre, essa turminha continuará como sempre e isso não fará dela anacrônica, ultrapassada ou incompreensível, pelo contrário: crianças são sempre crianças.

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